Augusto D. 1, Leal F. 1,2, Castro I. 1,3, Pinto-Sintra A.L. 1,3

1 Departamento de Genética e Biotecnologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5000-801 Vila Real, Portugal

2 Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas, BioISI. Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, UL, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal

3 Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5000-801 Vila Real, Portugal

Portugal possui uma inigualável riqueza patrimonial em variedades de videira (Vitis vinifera L.). No entanto, nas últimas décadas, inúmeros stresses bióticos e abióticos têm causado uma elevada erosão genética das variedades portuguesas, para a qual também muito tem contribuído o reduzido número de genótipos cultivados impostos pela regulamentação em vigor. Deste modo, é crucial implementar estratégias para a preservação da biodiversidade ainda existente, por forma a garantir o sucesso de uma viticultura eficiente, sustentável e rentável neste País vinhateiro. No presente trabalho, três vertentes foram seguidas, visando contribuir para a conservação da diversidade varietal da videira. Procedeu-se à identificação molecular de material vegetal desconhecido, recorrendo a seis marcadores moleculares recomendados pela Organisation Internationale de la Vigne et du Vin (OIV). Avaliou-se o estado sanitário de plantas de três variedades minoritárias autóctones, Cornifesto, Malvasia Preta e Preto Martinho, utilizando o teste ELISA para a detecção dos vírus Arabic mosaic virus (ArMV), Grapevine fanleaf virus (GFLV) e Grapevine leafroll-associated virus 1 e 3 (GLRaV-1 e GLRaV-3), cuja ausência é exigida nos materiais de propagação vegetativa da videira (Decreto-Lei 194/2016). Obteve-se, pela primeira vez, a indução de embriões somáticos a partir de anteras e gineceus de inflorescências imaturas das variedades anteriormente referidas, bem como plântulas regeneradas in vitro, por conversão de embriões somáticos. Os resultados obtidos constituem um passo fundamental para a implementação de outras ferramentas biotecnológicas, nomeadamente a conservação in vitro (culturas de crescimento lento, de baixa temperatura e por criopreservação, associada ou não a encapsulação) e métodos de erradicação de vírus.

Documentos anexados