Nicolas Guilpart, Sébastien Roux, Christian Gary, Aurélie Metay ; Agricultural and Forest Meteorology, Volumes 234–235, 15 March 2017, Pages 203-211

Reduzir o crescimento da planta para limitar a sua suscetibilidade a doenças tem sido uma proposta para diminuição da utilização de pesticidas, no entanto, a redução no crescimento pode ter efeitos negativos no rendimento.

Neste trabalho, foi testada a hipótese de um compromisso (trade-off) entre a manutenção do rendimento em uva e a redução da suscetibilidade da videira ao oídio (Erysiphe necator) e à podridão cinzenta (Botrytis cinerea), duas doenças muito disseminadas nas vinhas.

A suscetibilidade da videira a estas doenças foi medida através de algumas características determinantes para o desenvolvimento vegetativo, identificadas em estudos anteriores: a biomassa foliar durante a floração para o oídio e a massa de poda para a podridão cinzenta.

Os dados foram recolhidos através de uma experiência de três anos realizada numa vinha situada no sul de França, onde pragas e doenças foram controladas com o uso de pesticidas. Os dois agentes patogénicos estudados neste trabalho foram selecionados porque se diferenciam a nível biológico (biotróficos vs necrotróficos) e na interação com a videira (a maior sensibilidade ocorre nas fases iniciais do ciclo em relação ao oídio e no final do ciclo no que concerne à podridão cinzenta), com o objetivo de avaliar os resultados de uma forma mais genérica.

Os resultados confirmam a hipótese de um compromisso entre a manutenção do rendimento e a redução da suscetibilidade da videira a ambos os agentes patogénicos através de uma redução do crescimento vegetativo, embora se possam verificar situações de elevado rendimento e pouca suscetibilidade (situação win-win). Por outro lado, verificou-se uma sinergia entre a menor suscetibilidade ao oídio e à podridão cinzenta.

Estes resultados sugerem a possibilidade de reduzir o consumo de fungicidas numa situação “win-win” visto que o risco de perda de rendimento e qualidade seria menor. A variação interanual de stress hídrico durante a floração provou ser um fator chave no equilíbrio entre o rendimento da uva e a suscetibilidade da videira para ambos os patogénicos.

O stress hídrico durante a floração parecia ser um indicador muito útil da probabilidade de surgir uma situação win-win. Os resultados obtidos sugerem que ele pode também ser utilizado para se adaptar a algumas práticas, como a irrigação, a cobertura ou uma combinação de ambos, a fim de alcançar uma situação win-win. Foi também discutida a utilidade destes resultados em ambientes semiáridos.

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