O resveratrol é o princípio activo de muitos remédios tradicionais usados há séculos na medicina oriental. Todavia, só recentemente diversos estudos epidemiológicos revelaram i) uma correlação positiva entre o consumo moderado de vinho, ii) que o resveratrol está presente no vinho e que é o principal responsável por esses benefícios. Uma forma de alargar os benefícios do resveratrol a mais consumidores, de forma natural e sem os riscos associados ao consumo de álcool, consiste em promover o consumo de uvas e em aumentar os teores deste antioxidante. Neste contexto, e também com o objectivo de promover uma cultivar Portuguesa com capacidade de fazer frente à globalização neste eixo de mercado, iniciou-se um programa de melhoramento da cultivar Dona Maria com recurso a ferramentas biotecnológicas. Esta resultou do cruzamento intraespecifico da Moscatel Graúdo (ex-Moscatel de Setúbal) com a Rosaky, efectuado em 1954, pelo Eng.º Agrónomo José de Almeida na Estação Agronómica Nacional. Os primeiros passos foram já alcançados, com o estabelecimento de culturas in vitro de Dona Maria para obtenção de material de base para ensaios de expressão e sobreexpressão da enzima stilbene sintase (responsável pela síntese de resveratrol) e a obtenção de um sistema de regeneração in vitro via embriogénese somática. Análises preliminares comparativas entre as cultivares Dona Maria (branca) e Touriga Nacional (tinta), efectuadas por HPLC, mostraram um teor de resveratrol sem diferenças estatisticamente significativas, o que permite aliar as capacidades organolepticas da Dona Maria a um alimento funcional natural, de fácil consumo e ampla distribuição.
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