POSTER infowine.forum: INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO NA HUMIDADE DO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA VINHA NA REGIÃO DO DOURO

A gestão da água é cada vez mais uma questão crítica nas regiões mediterrânicas, devido à crescente redução na quantidade e qualidade dos recursos disponíveis. Esta preocupação é particularmente pertinente na Região Demarcada do Douro, onde a estação de crescimento da videira é caracterizada por altos valores de evapotranspiração potencial e baixos valores de precipitação, conduzindo a frequentes e elevados défices hídricos no solo. Numa vinha (cv. Tinta Roriz) localizada na ‘Foz-do-Tua’ (sub-região de Cima-Corgo), a precipitação total observada, entre Abril e Setembro, representou 14% do total anual (650-670 mm) em 2001 e 22% nos dois anos seguintes. Mais ainda, entre meados de Março a meados de Setembro (abrolhamento à vindima), a precipitação registada foi de 132-185 mm e a evapotranspiração de referência variou entre 853-892 mm, o que representou um défice potencial de água no solo de 730-750 mm nesse período. Os resultados mostram que os Invernos de 2001 e 2003 foram húmidos, enquanto o de 2002 foi seco (apenas 12 mm de precipitação nos meses de Fevereiro e Março). Analogamente, nos Invernos de 2001 e 2003, o conteúdo de água no solo atingiu a capacidade de campo, com uma taxa de recarga de cerca de 1,3 mm/dia (Inverno 2003). Em 2002, devido à precipitação tardia, embora tenha crescido com uma taxa de recarga média de cerca de 0,7 mm/dia, correspondendo a uma variação de 0,10 cm3/cm3 (Janeiro) para 0,17 cm3/cm3 (75% do teor de água disponível no solo, em meados de Março), o conteúdo de água no solo não atingiu a capacidade de campo no início desse Inverno. Assim houve um claro atraso na reposição da água no solo entre o final de 2001 e os meses seguintes. Por outro lado, em cada ano e em condições de sequeiro, a humidade do solo (0-1,1 m) diminuiu progressivamente de Abril a Setembro, atingindo valores próximos do coeficiente de emurchecimento no final da estação de crescimento (vindima). O consequente stress hídrico reduziu a taxa de expansão foliar e, em particular incrementou a senescência e a queda das folhas. Desta forma, a diminuição da reserva de água no solo, durante o Inverno (repouso da videira), indica causar uma diminuição da produção de uva, mesmo quando a cultura é regada durante o período vegetativo (Primavera / Verão), como é evidenciado pelo baixo peso dos bagos em 2002, quando comparado com o ano seguinte, ambos com quantidades similares de água aplicada. Além disso, a qualidade dos frutos, medida pelo nível de açúcar nos bagos, foi favorecida pela rega, em 2002. Aconselhamos a leitura do Poster em anexo.